O Globo Rural de 10 e 17/10/21 foi emocionante, apresentou reconstituição de nascentes e matas ciliares.
Numa visão mais ampla, global, indo além de cada uma das nascentes, sabemos que toda água da chuva que se infiltre no solo percorrerá o caminho natural até brotar e formar nossos rios.
Assim, toda a área rural é formadora de nascentes, desde que haja a infiltração da água da chuva. Parte da água da chuva, inevitavelmente, tem que escorrer por cima do solo no século 21?
Com esta visão macro, considerando o volume de chuvas como referência, temos:
a. 1200 mm/ano de chuva no estado de São Paulo.
b. 1200 mm x 1 ha = 12.000 m³
c. Área rural do estado de São Paulo = 23 milhões de ha.
d. Recebemos, portanto, anualmente, um presente equivalente a um lago de 1,20 m, com extensão de 23 milhões de ha.
e. 1,20 m x 23 milhões de ha = 276 bilhões m³.
f. O texto foca, portanto, em quanto podemos aproveitar destes 276 bilhões m³ para as nossas demandas de água potável, irrigação agrícola e geração hídrica.
Ao mesmo tempo, a crise hídrica já está dentro das nossas casas e precisamos saber em quanto este volume de 1200 mm/ano é suficiente para atender nossa demanda.
Na área rural, a retenção da água da chuva no próprio local, com infiltração no lençol freático, obedece o mesmo raciocínio dos piscinões dos grandes centros urbanos: evita enchentes e libera água ao longo de determinado tempo.
O governo de São Paulo, através do DAEE, IPT, SABESP, em parcerias com municípios e proprietários rurais, pode planejar nosso futuro com segurança hídrica a partir da obtenção de dados em 1000 ha de microbacias da área rural, implantando:
1. Retenção integral para obter maior taxa de infiltração da chuva no solo, através de terraceamento ou outro meio. Desta forma, a água infiltrada forma a reserva no lençol freático e brota numa nascente formadora dos rios conforme a figura 1.
2. Medir a chuva(mm), o volume da reserva no lençol freático e vazão das nascentes em cada uma das microbacias.
Com o conhecimento dos resultados nesta área rural de 1000 ha de microbacias, saberemos em quanto as chuvas no território paulista atendem nossas demandas por água potável, irrigação agrícola e geração hídrica. E, a partir daí, pode-se estabelecer um cronograma de médio e longo prazo para obter melhor aproveitamento do potencial hídrico de toda a área rural do estado, aproximadamente 23 milhões de ha.
Figura 1 – Ciclo Hidrológico
Em 95% da área rural paulista é plenamente possível a retenção integral da chuva, direcionando-a para infiltração no aquífero freático, que também proporciona:
3. Evitarmos ocasionais enchentes e seus prejuízos econômicos, melhorando a qualidade de vida.
4. Regularizar o fluxo dos nossos rios, diminuindo a diferença entre cheia e seca.
5. Equilíbrio entre a demanda da sociedade e o ambiente natural.
Antecipadamente aos resultados do monitoramento em 1000 ha de microbacias, segue o exemplo de abundância das chuvas:
6. Com origem nos 1200 mm/ano, e captação de 400 mm para torna-la potável, temos, em 1 ha, 4 milhões de litros de água.
7. 1 ha atende a demanda de 32 pessoas. Ou seja, 340 litros/dia, 125 mil litros/ano.
8. 5% da extensão territorial de São Paulo, 1,45 milhões de ha x 32, equivalem a demanda por água potável dos 46 milhões de habitantes de São Paulo nos 365 dias do ano.
Concluindo, precisamos conhecer o potencial do aquífero freático do nosso território rural paulista, 23 milhões de ha, disponível para nossas ações de reserva de água para atender a demanda por água potável, irrigação agrícola e geração hídrica.
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