Nossa sociedade precisa de água potável, água para irrigação agrícola e geração hídrica. Nossa maior fonte renovável é a chuva.
Tem sido destaque, na mídia, a situação crítica das nossas hidrelétricas, com a falta d`água para geração, nos levando a uma bilionária taxação com bandeiras amarela e vermelha, além da poluição das termelétricas. E, logo mais – no período chuvoso até março/22 – teremos inundações.
Estamos em pleno século 21, sem ainda termos evoluído a ponto de usarmos nossos conhecimentos científicos/tecnológicos a favor do aproveitamento da chuva de forma sustentável.
É inevitável perguntarmos:
1. Porque, em pleno século 21, a água da chuva ainda escorre por cima do solo?
2. Porque o volume de água dos nossos rios no período de chuvas é múltiplas vezes maior do que no período seco?
3. Porque, após longa restrição hídrica, ainda teremos recorrentes inundações, com reflexos que pioram a qualidade de vida e dão prejuízo econômico?
4. Temos tecnologia e conhecimento científico para receber a chuva de forma adequada, sustentável? Ou são inevitáveis as próximas crises hídricas?
Mesmo cientes da importância da água da chuva nas nossas vidas, ainda não aprendemos recebe-la, nem em quanto de chuvas(mm) são suficientes para atender nossas demandas de :
5. Água potável,
6. Água para irrigação agrícola,
7. Água para geração hídrica.
Em grande parte do Brasil, temos duas pré-condições para convivermos de forma harmônica com as chuvas:
8. 1200 mm/ano,
9. Depósitos do aquífero freático disponíveis para armazenamento da água.
E a ação do homem, direcionando a chuva para o aquífero freático, é a solução para termos reserva de água que atenda nossas demandas nos 365 dias do ano.
Todas as nascentes são alimentadas pela água da chuva que se infiltrou. Ou seja, toda a área rural, com a água que se infiltre no solo, será abastecedora de nascentes e formadora da vazão de nossos rios.
O conhecimento do aproveitamento efetivo da água da chuva é realizado nas microbacias e inclui:
10. Pluviometria(mm),
11. Medição do volume da reserva no aquífero freático,
12. Vazão das nascentes.
Justifica-se iniciar a demonstração da retenção integral da chuva na hidrelétrica de Furnas por 3 motivos:
13. Estar a montante das outras hidrelétricas do Rio Grande e Paraná,
14. Ter bacia de contribuição de 59 mil km²,
15. Chove 1200 mm/ano, ou mais.
Para se conhecer a taxa efetiva de aproveitamento da água da chuva para a hidrelétrica de Furnas, 1000 ha, somados de várias microbacias, são suficientes para inferir para toda a bacia e correspondem à primeira fase de extenso programa de médio e longo prazo. A retenção/infiltração da água da chuva precisa ser compatível com a produção rural e, evidentemente, em parceria com o produtor. É um projeto com ação multidisciplinar, envolvendo órgãos federais, estaduais, municipais, universidades, centros de pesquisa e, claro, os acionistas das hidrelétricas.
É importante ressaltar : as microbacias com topografia mais suave são as de mais fácil implantação da retenção da água da chuva e isto serve como princípio de seleção das áreas.
Segue simulação para a implantação de retenção integral da chuva na bacia do lago de Furnas e os correspondentes reflexos para todas as hidrelétricas a jusante, até Itaipu:
16. Estimando-se em 52 mil km² a área efetiva para retenção integral,
17. Com origem na chuva, aproveitamento efetivo de 600 mm para geração hídrica,
18. Corresponde a um volume de 31,2 bilhões de m³ – 600mm x 52 mil km².
19. O volume útil de Furnas é 17,2 bilhões m³,
20. O volume útil de Itaipu é 29 bilhões m³.
21. Com origem nestes 31,2 bilhões de m³, a partir de Furnas, quanto se gera/ano, desde o rio Grande até Itaipu?
22. Nesta condição de retenção integral da chuva, com infiltração no solo, o vertedouro de Furnas seria utilizado apenas após uma sequência muito acima da média, ao mesmo tempo em que as reservas hídricas continuam garantidas – com água no lago e com a reserva do freático.
23. A reserva do freático é extensão do volume útil do lago, e é o principal conceito pró garantia de geração e inclui as de fio d`água.
24. Em nossas hidrelétricas, na condição atual, havendo excesso de chuvas e necessidade de usar o vertedouro, o volume do descarte de água pode ser a medida do que faltará no tempo seco.