O LÍBANO E A CONVIVÊNCIA HUMANA

A explosão, que tirou centenas de vidas em Beirute, também nos remete ao fato de que eventuais futuros descendentes destas vítimas não existirão. 

O fato, sendo acidente ou “oportunismo detonado”, permite comparação com as vidas salvas no dia D, segunda guerra mundial: os americanos sofreram forte resistência dos alemães e, um dos aviões, bem avariado, estava em retirada quando foi visto pelo piloto alemão que se aproximou, deu um sinal com as asas, e o acompanhou até o limite necessário para retorno com segurança.

Alguns anos depois, o piloto e os paraquedistas americanos descobriram quem era o piloto alemão e houve reunião entre todas as famílias, incluindo os nascidos no pós-guerra. Este fato precisa ser do conhecimento de todos nós, humanos, para reflexão e para que decidamos qual tipo de convivência queremos.

Hoje, o espaço da União Europeia, historicamente palco de guerras, permite o fluxo de pessoas, o investimento sem fronteiras e está a caminho até de um orçamento supranacional, já havendo autorização para a Comissão Europeia captar 760 bilhões de euros, visando reorganizar a economia no período pós-pandemia coronavírus.

Esta prevalência da inteligência sobre a força torna a União Europeia símbolo da evolução humana, ultrapassando as antigas guerras. E, além da livre convivência social e dos investimentos sem fronteiras, o compartilhamento de recursos naturais, da flora e fauna, não faz distinção entre nações.

  • As nascentes de água em um país são abastecedoras em outro,
  • As nuvens, formadas no céu de um país, fazem chover em outro,
  • O ar, que passa em um país, é respirado em outro,
  • Os pássaros também migram e levam as sementes da flora para outro país.

Nos bons exemplos que balizam a evolução da convivência humana, temos:

  • Martin Luther King, em seu discurso “I have a dream”, nos ensinou que a confraternização e a felicidade caminham juntas;
  • Mandela nos ensinou o óbvio: a convivência entre crianças de olhos amendoados x arredondados, olhos claros x escuros, nariz afilado x prolongado, mais magrinho x gordinho, mais extrovertido x introvertido, etc., é o ponto de partida para a construção da sociedade que soma ideias e aproximação;
  • Gandhi nos ensinou, sem armas e acima dos bens materiais, a formação de uma sociedade em equilíbrio, onde cada um realiza seu trabalho em sintonia com todos os outros;
  • Sócrates nos ensinou que, no diálogo, quando se ouve e se fica à vontade para comentar, haverá soma de ideias. O ensinamento de Sócrates vale para a relação entre pessoas, dentro das famílias, na diplomacia comercial e até na relação entre diferentes religiões;
  • Buda nos ensinou que tudo aquilo que nos leva ao próprio bem e ao de todas as outras coisas vivas, a isto tomemos como verdade e, assim, pautemos a própria conduta.

Cada pessoa é dependente do seu próprio preparo para evoluir, se relacionar e bem viver sem explorar outras pessoas. De forma análoga, isto se aplica aos países em suas relações internacionais.

Um país, com seu povo preparado, não precisa explorar outro para conquistar desenvolvimento. É claro que isto se aplica ao Líbano e à sua presença no século 21.

Os imigrantes libaneses – sunitas, xiitas, cristãos – convivem com outros povos, outras culturas, e se tornam exemplos que as lideranças religiosas do Líbano podem ouvir e, com elas, ampliar a visão para além do sectarismo.

 Os descendentes de imigrantes libaneses, lideranças como Michel Temer, Fernando Haddad, Paulo Maluf, Guilherme Afif Domingos entre outros muçulmanos e cristãos, podem contribuir levando suas experiências de convivência aqui no Brasil às lideranças religiosas libanesas.

Cabe às lideranças religiosas libanesas – sunitas, xiitas, cristãs – utilizando os ensinamentos de Luther King, Mandela, Gandhi, Sócrates e Buda, além do exemplo da União Europeia, estabelecer os parâmetros de convivência que serão permanentes, ou seja, não serão temas para campanhas eleitorais e, sim, política de estado que atenda a 100% dos libaneses e que inclua:

  • Proibição de armas leves ou pesadas em território libanês;
  • ​Incentivo ao turismo;
  • Educação e saúde modelos.

 Milhões de descendentes de libaneses não conhecemos o Líbano e ​compartilhamos um grande sonho: desarmados, contemplarmos o oásis de 10.000 km² de paz, cumprimentarmos nossos patrícios de todas as crenças e abraçarmos nossos primos.

Porque sabemos qual é o nosso maior desafio: a inteligência se sobrepor à facilidade do uso de armas para eliminar o “inimigo”.

Está na hora de utilizarmos o exemplo da União Europeia e definirmos a presença do Líbano no século 21.

Que Deus nos ilumine.

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